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“O sonho de todo morador de rua é ter um lar”*

  • há 1 dia
  • 2 min de leitura

O Elevado da Avenida Hermes Fontes, na zona sul de Aracaju, é lugar de idas e vindas na capital de Sergipe. O espaço também é palco de reencontros. Um deles aconteceu nesta segunda-feira, 5 de maio, enquanto levantava dados no local sobre o desprendimento de placas do viaduto, que interditou uma das vias, para entrar ao vivo no Bom Dia Sergipe. Foi quando uma voz se aproximou:


— Anderson Barbosa, Anderson! Como está? Lembra de mim, lá do Centro Pop?


De fato, não me lembrava daquele rosto, mas também não disse nada. Apenas respondi na mesma intensidade, sem disfarçar a curiosidade sobre o nome, a idade e como ele levava a vida. A cena, por si só, já dá pistas de como ele sobrevive:


— Meu nome é Josenildo Moreira Batista, tenho 63 anos. Estou indo em direção ao bairro Siqueira Campos para recolher material reciclável.


Josenildo Moreira é pernambucano de Garanhuns e está há 25 anos em situação de rua, mais de 15 deles em Aracaju. Ele integra os 48% que, segundo o Censo Pop Rua Aracaju/2024, trabalham recolhendo material reciclável. O carrinho que ele puxa por até 10 horas por dia pode chegar a pesar 150 quilos, exigindo força e muita resistência.


— O mais difícil é manter a minha sobrevivência. Tem dias em que consigo tirar até R$ 40.

O pernambucano passou a morar nas ruas após a separação da esposa. Passou por Maceió e, por fim, chegou a Aracaju. Ele recebe apoio do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e do Centro de Referência para a População em Situação de Rua (Centro Pop). Aos 63 anos, Josenildo não desiste do sonho:


— Uma casa própria. Uma moradia. Esse é o nosso sonho, entendeu? Porque viver na rua não é dignidade para ninguém. O sonho de todo morador de rua é ter um lar para chegar, uma casa para dormir, tomar banho, ter aquela comidinha, entendeu? Ainda sonho, mas os nossos políticos não deixam, não.


Entre as inúmeras dificuldades enfrentadas por esse senhor, que vive em condições tão adversas e não tira o sorriso do rosto, estão a invisibilidade, a rejeição diária nas ruas (aporofobia) e a indiferença.


— Desejo que a sociedade não tenha preconceito contra a gente, porque somos seres humanos. Somos dignos e filhos de Deus.

 

*Anderson Barbosa, jornalista e Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS)

 
 
 

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