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"Eu não conheço ninguém que está na rua porque é fácil comer" - Padre Júlio Lancellotti

  • 10 de abr. de 2024
  • 2 min de leitura


Foto: Victor Angelo Caldini


Com 40 anos dedicados aos cuidados da população em situação de rua, no Estado de São Paulo, padre Júlio Lancellotti é uma das maiores autoridades do assunto no Brasil. Aos 75 anos, é o responsável pela Paróquia São Miguel Arcanjo, Mooca, onde começou o ministério do serviço aos vulneráveis em 1986 e é vigário episcopal da Pastoral do Povo da Rua.


Esta semana, participando do Seminário ‘Repense e ReconstRUA’ da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, criticou a forma a invisibilidade e exploração que se faz dessas pessoas.


“Se você vai ao Brás, quem é que carrega e descarrega os contêineres? Quem carrega os fardos de tecidos? É uma população invisibilizada e explorada. Nós conseguimos essa química, explorar o invisível de maneira cruel, torturante, violenta”, declarou o padre.

Lancellotti também trouxe à tona a questão da fome, afirmando que a sociedade tem uma visão errada de que estão na rua porque a esmola é rentável e seria melhor pedir do que trabalhar.

“Isso é uma falácia. Isso é uma mentira, uma sofisma dizer que as pessoas estão nas ruas porque a esmola facilita. O que muitas prefeituras fazem pelo Brasil inteiro é: ‘não dê esmolas’. Eu faria uma placa, bem grande: ‘não dê esmola’ - na frente do gabinete do prefeito - ‘não dê esmola para a política pública, para a população em situação de rua. Outra falácia é dizer que ‘alimentar a população em situação de rua é favorecer que eles permaneçam na rua’”, desabafou.

Ele ainda fez alguns questionamentos.

“Ora, a lógica seria o quê? Matá-los de fome para que eles saiam da rua? Negar alimento para que eles saiam da rua? Eu não conheço ninguém que está na rua porque é fácil comer. Todos querem comer na sua mesa, na sua casa, no seu trabalho, fazer a sua escolha, o seu tempero, na sua velocidade, no seu sonho e na sua poesia”.

 

 
 
 

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