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Em Sergipe, polícia, GM e agentes de segurança estão envolvidos em mortes e violência contra pessoas em situação de rua

  • 24 de out.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 25 de out.

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Entre janeiro e setembro de 2025, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), através do Disque 100, registrou 22 casos de violência contra pessoas em situação de rua no estado de Sergipe. Neste mesmo período, o Brasil teve 3.027 denúncias e 18.952 violações. Um dos casos, foi de Luiz Maghave morto à tiros por um policial militar no Centro de Aracaju no dia 23 de julho.


Alguns desses casos ganharam visibilidade através da imprensa e das redes sociais. Em muitos, quem deveria proteger estava envolvido em agressões espancando e abusando do poder e da autoridade. O que é mais grave, divulgando as imagens das violações em redes sociais institucionais e de influenciadores digitais. Uma nítida tentativa de espetacularizar os atos e colocar a sociedade contra ela mesma.


O mais danoso, é que esses agentes (GM, Polícia Penal e PM) reforçam a ausência das políticas pública e da ação do Estado na responsabilidade em possibilitar o respeito à vida, a proteção social e no cuidado da saúde. Especialistas ouvidos pelo Que Vem das Ruas alertam para uma necessidade de criminalizar esse grupo populacional, sendo que o Censo Pop Rua Aracaju aponta que os agentes de segurança são responsáveis por 40% dos casos de violências sendo a maioria da Guarda Municipal (18%), Policiais Militares (14%) e Policiais Civis (7%).


Esses mesmos cidadãos, esquecidos nas calçadas e praças, 14,81% sofrem com transtornos mentais. Cerca de 67% tentaram buscar ajuda e tiveram acesso negado em serviços públicos da capital (29% nas Unidades de Saúde da Família; 8,33% no Hospital Nestor Piva; 8,33% CAPS; 4,16% na Urgência Mental São José; 4,16% na vacinação; entre outros lugares). Eles acabam incompreendidos e violentados.


O Que Vem das Ruas fez um levantamento dos casos noticiados por este e outros veículos de comunicação ao longo do 2025. Confira:


Lagarto – No dia 27 de setembro, dois agentes da Guarda Municipal de Lagarto mataram a tiros o pedreiro José Teles dos Santos, 35 anos, pai de um menino de 7 anos. A vítima estava em surto psicológico depois de começou após um casal relatar ter sofrido agressões por parte de José Teles, “que desferiu socos e chutes em seu veículo após a recusa de um pedido de ajuda financeira”.


O documento emitido pelo Instituto Médico Legal de Sergipe classificou a causa da morte como homicídio por arma de fogo, com hemorragia aguda, traumatismo toracoabdominal (entre o tórax e o abdômen) e ação perfurocontundente. Na cena da morte, populares relataram ter ouvido pelo menos seis disparos. Os GMs foram afastados e o caso é investigado pela Polícia Civil.


Aracaju – No dia 8 de agosto, policiais da Delegacia Especializada de Proteção Animal e Meio Ambiente (Depama) de Sergipe prenderam uma mulher em situação de rua, sob a acusação de maus tratos aos animais que ela abria mão da própria comida para alimentá-los. A Defensoria Pública criticou a prisão, que dias depois ainda contou com uma operação no barraco, erguido sob a ponte do Bairro Coroa do Meio.


As imagens postadas na rede social da Depama foram compartilhadas com a rede social de um digital influencer conhecido. “Não é caso de prisão. É caso de ela ser acolhida pelos entes públicos, pois vive em extrema vulnerabilidade, com insegurança alimentar, sem moradia e à margem de toda sorte de proteção social”, afirmou o defensor público Sérgio Barreto Moraes.


Aracaju – No dia 23 de julho, um agente da Polícia Militar de Sergipe matou a tiros Luiz Maghave de Souza, 37 anos. O laudo do IML descreveu a morte em decorrência de traumatismo crânio-encefálico, lesão perfurocontundente e de um projétil de arma de fogo. Ele estava em situação de rua e em surto quando tentou entrar no almoxarifado da Polícia Militar de Sergipe (PMSE), localizado na Rua Pacatuba, 193, no Centro de Aracaju. A Secretaria da Segurança Pública e a PM não passam informações sobre as investigações, nem sobre o que aconteceu com o autor dos disparos.


Aracaju – No dia 22 de julho, um Policial Penal ficou com uma arma apontada na cabeça de um homem em situação de rua, com problemas mentais, por mais de 30 minutos. Testemunhas que passavam no Centro, relataram que, além de manter a arma apontada para a cabeça do homem, o policial agrediu-o fisicamente e fez ameaças de morte.


Ele teria entrado em uma casa comercial para pedir comida. Após uma negativa, começou a gritar e o policial, que estava de passagem, entrou em cena. A situação provocou revolta entre quem passava pelo local. “Esse rapaz vive direto aqui na rua, todos os dias ele está aqui pedindo. O policial penal o colocou no chão, apontou a arma para a cabeça e disse que ia atirar. Agora a polícia chegou”, disse um homem que preferiu não se identificar.


O Que Vem das Ruas teve acesso ao registro da PM, mas não conseguiu descobrir o que ocorreu com o homem.


Aracaju – No início de fevereiro, dois seguranças do Terminal Rodoviário Gov. José Rollemberg Leite, na Zona Oeste de Aracaju, espancaram um homem em situação de rua que pedia comida a alguns passageiros que aguardavam o momento do embarque. Ele, que usa medicação para problemas mentais, ficou sangrando e foi pedir ajuda no Hospital de Urgência de Sergipe. Os agentes foram afastados do trabalho.


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