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Aracaju: Homem de 29 anos pede ajuda pra largar o crack; com VÍDEO

  • 21 de abr. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 24 de abr. de 2024


Por Anderson Barbosa.


Plantão de domingo à tarde, 21 de abril de 2024. Tive mais uma prova do jornalismo não com Ciência Exata, mas humana, com "H" maiúsculo.



Depois de muitas negativas e poucas entrevistas para a reportagem do Bom Dia Sergipe sobre o preço do combustível (Etanol ou Gasolina? Qual o mais vantajoso?) fui interrompido - no posto da Avenida Tancredo Neves, em Aracaju - por um homem de 29 anos, focado em vender as paçocas exibidas em um vaso plástico transparente.


Sem um centavo no bolso e repleto do instinto investigativo, perguntei o nome, como era o trabalho, a vida dele... Visivelmente já tinha parte das respostas: o corpo estava maltratando, aparentava mais idade do que realmente tinha. Estava abaixo do peso ideal para um homem de estatura mediana.


O vendedor andarilho queria ser entrevistado. Insistiu para falar e pedir proteção (segundo ele, vem sofrendo ameaças após o assassinato do irmão). Porém, tinha uma pauta não menos urgente.


"Sou usuário de crack e preciso de ajuda pra me livrar desse mal. Preciso ser internado em uma clínica", desabafou.

Sentamos sobre uma calçada ao lado e, por alguns seis minutos, com a autorização dele, gravei o depoimento pela câmera do meu celular.


Descobri que ele é garçom de profissão. O último trabalho foi em um restaurante bem perto dali. Há dois meses largou tudo após mais uma recaída. Estava morando há dois meses nas ruas de Aracaju.


"Fiquei quatro anos sem usar crack. Tava morando com minha irmã e trabalhando como garçom, mas não vigiei e acabei caindo. Quero ir para um centro de reabilitação para me fortalecer e voltar ao patamar de antes. Quero incentivar outros jovens a também sairem dessa vida", explicou.


A Destruição pelo Crack


O homem que pedia ajuda tinha um passado triste, de uma infância ferida, onde os direitos constitucionais passaram longe.


"O crack tirou minha juventude. Aos nove anos fui abandonado pela minha mãe. Fui adotado por um casal de traficantes, em Itabaiana, e acabei conhecendo o crack", revelou.

Aos 11 anos fumava maconha e um ano depois estava viciado no crack. Viu o sonho do menino ruir pouco a pouco.


"Meu padrasto também começou a fumar. Ele perdeu o emprego na prefeitura, vendeu a casa, vendeu tudo. Torrou tudo no crack. Foi morar numa casa abandonada e acabou assassinado. Antes, a juíza soube que estávamos nessa situação e tomou a guarda", relembrou meio envergonhado.

O garçom viveu nove meses em um centro de recuperação. Ao sair, foram seis meses até a recaída e junto a experiência de viver em situação de rua. Hoje, luta contra a sufocante angústia de querer sair do vício, sem forças e com uma constante sensação de incapacidade, sem o suporte de ter mais uma chance pra tentar a vida livre outra vez.



 
 
 

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