Homem com esquizofrenia e em situação de rua morre após disparo da PM em Sergipe
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Atualizado: há 5 dias
O corpo de Luiz Maghave de Souza, 37 anos, morto com um disparo de arma de fogo efetuado por um agente da Polícia Militar de Sergipe (PMSE), foi sepultado no final da tarde desta segunda-feira (28), no cemitério municipal de Itaporanga D’Ajuda, na Grande Aracaju. Ele tinha diagnóstico de esquizofrenia e estava em situação de rua.
Os familiares souberam da morte por meio do Que Vem das Ruas e, no início da tarde, conseguiram liberar o corpo no Instituto Médico Legal (IML), localizado em Nossa Senhora do Socorro (SE). Ele estava sem identificação desde a última quarta-feira (23).
Negro, esquizofrênico, pai de duas filhas e avô de uma criança, a morte de Luiz Maghave de Souza reacende o debate sobre saúde mental nas ruas e os protocolos utilizados pelas forças de segurança em abordagens a pessoas em situação de vulnerabilidade. Ele estaria desarmado no momento da abordagem.
“A gente precisa pedir que a polícia investigue as câmeras da região para entender o que aconteceu. Mais esse crime contra nossa população não pode ficar impune”, afirmou um líder do movimento, que preferiu não se identificar.
Investigação
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está investigando o caso, que ocorreu por volta da 1h40 do dia 23 de julho, no almoxarifado da Polícia Militar, localizado na Rua Pacatuba, no Centro de Aracaju. Segundo a perícia, foram coletados fragmentos e impressões papilares no local para auxiliar na identificação do suspeito.
De acordo com a nota oficial, Maghave chegou a ser atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas faleceu no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). “Após a constatação do óbito, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal, onde posteriormente foi identificado como Luiz Maghave de Souza, de 37 anos”.
O que diz a PM?
Em nota, a Polícia Militar informou que o caso está sendo apurado pela Corregedoria da corporação e confirmou que o disparo partiu de uma arma “devidamente registrada e acautelada ao policial de serviço”.
Segundo a corporação, “uma equipe policial identificou a presença não autorizada de um indivíduo tentando forçar o acesso a uma edificação”. Diante da “conduta suspeita”, os policiais de plantão teriam seguido os protocolos previstos, emitindo ordem de parada e advertência verbal. Ainda de acordo com a PM, Maghave não teria acatado as ordens e teria avançado contra o militar, “o que exigiu uma ação imediata de defesa, resultando em um disparo único de arma de fogo”.
Leia a nota na íntegra:
*NOTA PÚBLICA*
A *Polícia Militar do Estado de Sergipe* informa que, na madrugada do dia 23 de julho de 2025, durante o serviço de guarda, uma equipe policial identificou a *presença não autorizada de um indivíduo* tentando forçar acesso a uma edificação sob responsabilidade da Corporação, localizada na Rua Pacatuba, no Centro de Aracaju.
O local é considerado *área militar de acesso restrito*, funcionando como *estrutura logística essencial da Instituição*, com vigilância permanente. Diante da conduta suspeita, os policiais de plantão seguiram os protocolos previstos, emitindo *voz de parada e advertência verbal*.
O indivíduo, no entanto, *não acatou às ordens legais e avançou contra o militar*, o que exigiu uma *ação imediata de defesa*, resultando em um *disparo único de arma de fogo*, conforme relatado em boletim de ocorrência.
O suspeito foi atendido por equipe do SAMU e encaminhado a uma unidade hospitalar, mas *infelizmente, não resistiu aos ferimentos*.
A arma empregada estava devidamente registrada e acautelada ao policial de serviço. Todo o material foi apresentado às autoridades competentes, e a *Corregedoria da Polícia Militar acompanha o caso*, que será apurado com total responsabilidade e observância à legislação vigente.
A *Polícia Militar reafirma seu compromisso com a legalidade, com a proteção dos seus profissionais e com a preservação da ordem pública e do patrimônio do Estado de Sergipe*.
Polícia Militar do Estado de Sergipe
Censo da Pop Rua Aracaju/2024:
São 623 pessoas em situação de rua em Aracaju (acima de 18 anos) que dormem em acordam nas ruas ou em abrigos institucionais. Cerca de 40% relataram sofrer violência por parte de agentes de segurança pública.
Do total, 33,86% foram para as ruas por conflitos familiares; 22,83% perdas afetivas; 18,11% por causa do desemprego; a mesma porcentagem em função de problemas com as drogas; 2,36% saída da prisão; e 0,79 violência sexual.
Entre as necessidades nas ruas: 19,7% precisam de apoio para vender a dependência química (álcool/drogas); e 14,8% enfrentam transtorno mentais.
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