Sergipe possui 24 crianças e adolescentes em situação de rua
- 22 de jul.
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Um levantamento feito pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/POLOS-UFMG), em parceria com a Rede Nacional Criança Não é de Rua, revelou que o Brasil possui 9.673 crianças e adolescentes vivendo em situação de rua, o que representa 3% da população total (351.508) nessa condição.
O estudo, baseado em dados do Cadastro Único (CadÚnico), também revelou os números de Sergipe. São 1.545 pessoas em situação de rua no estado, das quais 24 são crianças e adolescentes — o que representa 2% dessa população. Na capital, onde vivem 1.174 pessoas em situação de rua, está a maioria desses menores (18).
Em Aracaju, é comum encontrá-los nos semáforos em vários pontos da cidade. Muitas vezes, espaços que deveriam oferecer proteção acabam servindo como locais de exploração — como o semáforo em frente à Defensoria Pública do Estado de Sergipe, no Bairro Jardins. Esses meninos e meninas tornam-se presas fáceis para diferentes tipos de violência: atropelamentos, agressões físicas, psicológicas e até violência sexual.
O material inédito serve de alerta sobre a “insuficiência de dados, de políticas públicas e de ações concretas para a imediata garantia de direitos de crianças e adolescentes que se encontram em situação de rua no país”.
No início do mês, o Que Vem das Ruas conversou com duas crianças que estavam em uma farmácia no Bairro Jardins pedindo ajuda aos clientes. A mãe de uma delas estava em um semáforo a poucos metros dali. No meio da conversa, uma das meninas, de 9 anos, revelou seu sonho: ser médica.
“Tio, tenho seis irmãos e o meu sonho é ser médica, pra examinar o povo e fazer cirurgia. É caro, né, tio?”, questionou a menina, que logo descobriu que poderia realizar o sonho em uma universidade pública, se estudasse.
O jornalista Gilberto Dimenstein, no livro O Cidadão de Papel: A Infância, a Adolescência e os Direitos Humanos no Brasil, explica que: “Uma sociedade gera uma criança de rua. Ela é o sintoma mais agudo da crise social. Os pais são pobres e não conseguem garantir a educação dos filhos, que muitas vezes são obrigados a trabalhar desde crianças. Por isso, esses filhos, quando crescem, vão continuar pobres, já que, sem formação educacional, é difícil arrumar bons empregos. E os filhos de seus filhos também não terão condições de progredir.”

Dia de Enfrentamento
Esta quarta-feira, 23 de julho, é marcado como o Dia Nacional de Enfrentamento à Situação de Rua de Crianças e Adolescentes, em memória da Chacina da Candelária — tragédia que ocorreu há 32 anos, no dia 23 de julho de 1993, na praça da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro.
Na ocasião, foram assassinados por policiais militares: Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos; Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos; Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos; Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos; “Gambazinho”, 17 anos; Leandro Santos da Conceição, 17 anos; Paulo José da Silva, 18 anos; e Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos.



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