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Rins e córneas do pescador Carlos César salvaram quatro vidas

  • 9 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 10 de ago. de 2024

Quando Carlos César de Jesus nasceu há 51 anos em Simão Dias, município do interior sergipano na divisa com o estado da Bahia, ninguém da família imaginava que após a morte ele ajudaria a salvar a vida de quatro pessoas. Há poucos dias, os rins dele foram doados para duas pessoas no estado do Ceará e as córneas transplantadas em pacientes em Sergipe, segundo o Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (HUSE).


Carlos era pescador e vivia em situação de rua por causa do vício do álcool, que também acabou com o casamento e trouxe problemas com a tia e um primo. Atualmente ele circulava entre Aracaju e Barra dos Coqueiros, na Região Metropolitana, após largar uma clínica de recuperação em São Cristóvão (SE).


“Um dia chegou na minha casa pedindo alimentação e eu perguntei se ele queria ser internado. Ele falou que sim. Aí, dormiu na minha casa e no dia seguinte levei ao Hospital São José pra fazer os exames e levei para internar. Só que em pouco tempo, acho que em menos de três meses, já estava na rua vendendo palavras-cruzadas pra ajudar o abrigo”, relatou o irmão paterno, o marítimo José Américo de Carvalho.


No último 26 de julho Carlos Cesar estava no município de Barra dos Coqueiros quando levou uma queda da própria altura e não resistiu. “Minha esposa estava passando e viu uma multidão. Quando chegou lá realmente viu que era ele caído, por causa de um ataque epilético. O SAMU demorou umas duas horas pra levar pro hospital. A pessoa que veio do SAMU não botou o local onde ele foi encontrado e estava lá como indigente. Aí um colega que trabalha no HUSE me avisou”, lamentou o marítimo.


José Américo e a esposa foram ao hospital e se identificaram como familiares de Carlos, filho de um relacionamento extraconjugal. Com a morte encefálica no dia 31 de julho, o hospital entrou em contato para saber se havia a possibilidade da doação dos órgãos feita somente com a autorização judicial.


“... o Estado consultou o irmão de criação do falecido que autorizou o processamento da coleta, todavia, a mencionada autorização não atende ao requisito do art. 4º da lei 9434 /97 e art. 20, §1º, do decreto 9175/17, motivo pelo qual pleiteia autorização judicial (...) A autorização deverá ser do cônjuge, do companheiro ou de parente consanguíneo, de maior idade e juridicamente capaz, na linha reta ou colateral, até o segundo grau, e firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte”.


Carlos foi sepultado no dia 2 de agosto em Pirambu (SE) no mesmo túmulo do pai, como sempre desejou. “Ninguém quer ver um parente ser enterrado, mas infelizmente é o caminho de todos. Que Deus o bote meu irmão em um bom lugar, se assim o merecer. Aconselho a quem perder algum parente ou algum ente querido, proceda dessa forma. Você está salvando vidas”, apelou.


Em Sergipe são 281 pessoas na fila por uma córnea com uma média de espera de 1 ano e 8 meses. De 1º de janeiro a 31 de julho do ano passado foram 136 doadores. No mesmo período em 2024 já são 182, aumento de 33,82%.

 

SERGIPE - Doação de Órgãos (geral sem córnea)

2023: 1º de janeiro/31 de julho = 21 doadores;

2024: 1º de janeiro/31 de julho = 34 doadores;

Aumento de 61,9%.

 


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