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Diogo ficou uma década sem votar vivendo nas ruas de São Paulo

  • 7 de out. de 2024
  • 2 min de leitura

Rute Pina

Da BBC News Brasil


O cozinheiro e cabeleireiro Diogo Viroli, 44, depositou seu voto pela primeira vez em 10 anos neste domingo (6/10) para escolher um vereador e o prefeito de São Paulo. Durante a última década, ele morou nas ruas da cidade, como pelo menos outras 30 mil pessoas.

“Estou em vulnerabilidade, mas estou correndo atrás da minha autonomia. Um dos primeiros passos foi esse de regularizar meus documentos e o título. Passei várias eleições sem votar”, conta Diogo.


“Vejo tantos idosos nas ruas, sem nenhum parente, sem nenhum benefício ou dinheiro para poder alugar um cantinho. Fico triste e penso em mim. Se eu continuar nessa vida, vou ser mais um e é uma coisa que não quero. Comecei a pensar em futuro.”


Depois de deixar o local de votação no início da tarde deste domingo no bairro Paraíso, na zona sul da cidade, ele tentava explicar a sensação que teve ao apertar as teclas das urnas novamente. “Vesti minha melhor roupa [para votar]. É como voltar a ser cidadão”, diz.


“Antes, eu achava que meu voto não fazia diferença. Mas hoje vejo que é importante. Se a gente não votar, estamos deixando os outros decidirem por nós.”

Diogo nasceu no sul da Bahia, no município de Floresta Azul. Ele e a família se mudaram para a capital paulista após a morte de seu pai em 2010, quando ele tinha 30 anos. “Tive um problema com dependência [química] assim que cheguei na cidade, e foi quando fui para a situação de rua, para não machucar minha família com essa doença”, diz.


Ele frequenta diariamente o Chá do Padre, um dos pontos de assistência à população de rua da Ação Social Franciscana, o Sefras, na capital paulista. Foi na unidade que Diogo participou de um mutirão de regularização da sua documentação em maio deste ano.

“Conheci esse espaço de convivência para almoçar e tomar banho. Aqui, conheci assistentes sociais. Hoje estou bem, faço tratamento psiquiátrico, tomo remédios para a dependência e estou trabalhando em um projeto da prefeitura de zeladoria, de limpeza de calçadas.”


 
 
 

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