Consultório na Rua acompanha três gestantes em Aracaju
- 13 de mai. de 2024
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A coordenadora do Consultório na Rua Keila Costa é enfermeira e autora de livro que trata sobre a maternidade entre as mulheres em situação de rua.

A população em situação de rua na capital de Sergipe é de pouco mais de mil pessoas, segundo o levantamento do Cadastro Único (CadÚnico) de dezembro do ano passado. Neste contingente, atualmente são três mulheres na fase de gestação atendidas pela equipe multiprofissional do Consultório na Rua, programa ligado à Secretaria Municipal da Saúde de Aracaju.
Atualmente, o serviço atende mulheres gestantes com uma média de idade entre 23 e 24 anos, com oferta de suplementação, exames, vacinação, dentro da assistência pré-natal (com no mínimo seis consultas, seguindo as orientações do Ministério da Saúde).

“Existem algumas singularidades dentro do fazer dessa assistência pré-natal, pela dinamicidade dessas mulheres em situação de rua. Muitas vezes, encontramos muita delas em processo final da gestação, mas, quando estão na fase inicial, realizamos o diagnóstico pelo teste rápido ou pelo exame sorológico”, explica a coordenadora do Consultório na Rua, Keila Costa.
Uma característica dessas mulheres, típica da população em situação de rua, é o caráter migratório e itinerante. Desta forma, muitas vezes, iniciam o processo de acompanhamento do pré-natal em uma cidade e seguem em outra. Neste caso, a equipe do Consultório na Rua entra em contato com as unidades do consultório, onde existe, ou nas unidades básicas de saúde para dar continuidade ao acompanhamento.
“Após o parto, quando estão aqui dentro do município, realizamos a visita puerperal para orientações quanto aos cuidados para a mãe e bebê. Também temos a questão do planejamento familiar, com orientação e oferta de métodos contraceptivos ofertados pelo Sistema Único de Saúde”, explica a coordenadora.
Visão Social
Keila Costa é formada em enfermagem, mestre em enfermagem pela Universidade Estadual de Feira de Santana/BA e atualmente está doutoranda em Enfermagem em Saúde pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia. Ela também é integrante do Movimento Nacional da População de Rua e idealizado do Projeto Social ‘Cuidando da Maloca’, voltado à promoção da saúde de pessoas em situação de rua, assim como a capacitação estudantil e profissional.
Durante o Mestrado, Keila desenvolveu a pesquisa ‘Mulheres que gestam nas ruas e suas vivências de cuidados: estudo à luz da fenomenologia heideggeriana’, uma busca da compreensão da gestação em um ambiente adverso, naquele município baiano. O estudo resultou no livro ‘Mulheres da Maloca – cuidado, gestação e situação de rua’, escrito com a orientadora Rita de Cássia Rocha Moreira.
“O livro traz as singularidades que permeiam as vivências das mulheres que gestam em situação de rua. Quem tiver interesse em conhecer um pouco sobre a vida dessas mulheres em situação de rua, trago várias inquietações e reflexões nesse contexto. Hoje, a pesquisa de doutoramento é aqui em Aracaju, com a perspectiva da maternagem em situação de rua, as vivências do cuidado para com seus filhos e filhas”, explica.

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